Roberto Carlos e Ivete Sangalo

sábado, 26 de março de 2011

Você quer mesmo encontrar sua alma gêmea?





Atire a primeira pedra quem nunca se pegou desejando encontrar, enfim, sua alma gêmea! Sim, tudo o que a grande maioria de nós gostaria é de se deparar com aquela pessoa capaz de mexer com todas as nossas células e de nos presentear com a imperdível sensação de arrebatamento que uma paixão nos causa. Aí, sim, provavelmente acreditaríamos estar diante de nossa alma gêmea.

Pois bem! Mas o que seria, de fato, uma alma gêmea? Se pensarmos em irmãos gêmeos, poderíamos defini-las como almas muito parecidas, quase confundíveis entre si. Supomos, então, tratar-se de pessoas com preferências, pensamentos e desejos muito semelhantes. Porém, se refletirmos sobre as transformações que sofremos ao longo da vida, poderíamos questionar: será mesmo possível existirem duas almas que passem pelas mesmas mudanças e continuem semelhantes por toda a vida? Será mesmo possível encontrar alguém que, durante anos e anos, continue preferindo, pensando e desejando o mesmo que um único outro alguém?

Também poderíamos tentar resumir o conceito de “almas gêmeas” como um casal que se desse tão bem, que conseguisse se compreender tanto e que se sentisse tão complementar um do outro que nem as maiores intempéries da vida seriam capazes de abalar essa relação. Mas será que existe crescimento sem intempéries? Será que existe evolução sem superações?

A grande questão, a meu ver, é: por que nos apegamos tanto a essa ideia de “almas gêmeas” se nem sabemos exatamente o que isso significaria na realidade do dia-a-dia? Por que desejamos tanto encaixar nossos relacionamentos e nossos sentimentos numa espécie de forma perfeita se, além de não sermos perfeitos, as formas nos engessam e nos endurecem?

A considerar pelo número de pessoas que me perguntam sobre como saber se o parceiro ou a parceira é, finalmente, a sua tão aguardada alma gêmea, fico lamentando porque, na verdade, nos fazemos reféns de uma ilusão. Queremos ter a sensação de certeza, mais uma vez. Queremos tentar encaixar nosso amor numa receita que nos garanta que, aconteça o que acontecer, vai dar certo!

Isto é, quando a relação vai muito bem, fica fácil provar que sim, é a tal alma gêmea. E quando a relação começa a ir mal, fica provado que sim, para merecer relacionar-se com a tal alma gêmea é preciso superar os desafios, enfrentar todos os obstáculos, custe o que custar. Que vale a pena suportar tudo e todos porque se trata da nossa alma gêmea. No final das contas, o que é isso senão uma crença, uma aposta, um “fazer por onde”?

E quem determina se o outro é ou não é a nossa alma gêmea? Onde está escrito? Onde se faz o teste? Existe um medidor? Existe uma marca? Um contrato? Não! Nada disso existe. O que existem são sentimentos, percepções, desejos, crenças, vontade de fazer dar certo ou não. O que existem são escolhas, ações, um dia depois do outro. Só podemos contar com isso! Cada momento é uma decisão, e se escolhermos acreditar que esta pessoa ao nosso lado é, agora, a nossa alma gêmea, aquela com quem nos identificamos e com quem dividimos um ou dois sonhos em comum, então nos disponibilizaremos muito mais!

Simples assim! Uma questão de predisposição! Uma questão de escolha! Uma questão de estar em sintonia não com a alma do outro, mas com o próprio coração. Uma questão de, por fim, viver de modo coerente com as próprias verdades e, em qualquer relação, com qualquer pessoa, dar o melhor de si para que, haja o que houver, você possa carregar a certeza de que fez a sua parte, de que fez por merecer o exercício do amor. Afinal, trata-se sempre de um encontro de almas – e ter essa noção é o que realmente importa!

Dra. Rosana Braga

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