Roberto Carlos e Ivete Sangalo

quinta-feira, 10 de março de 2011

Bom de papo





Conheci outro dia um rapaz lindo, boa pinta, galanteador e muito charmoso. No alto de seus 1,80m reluzia beleza em olhos verdes e cabelos negros. Pensei: este eu gostaria de ter ao meu lado por um bom tempo. Após 10 minutos de conversa, a solidão parecia ser a melhor amiga de uma mulher. Para que um relacionamento, afinal? Foi a conclusão absurda, fruto do desespero, que cheguei após um bate-papo com o cidadão. Quem diz que só o exterior é o que vale bem deve acreditar em Papai Noel, contos de fadas e que um dia a vaca vai tossir, pois é um iludido que só vê com os olhos da futilidade. Vá brincar de Barbie, ora bolas.

A aparência é um fator a mais na escolha de um parceiro, isso é fato que por mais que neguemos, no fundo sabemos os mentirosos estaremos sendo. A cor dos olhos, o tamanho do cabelo, o jeito de andar e o sorriso são pontos que contam um pouco no processo de com quem namorar. Veja bem, a aparência é um fator a mais, assim como o caráter, o romantismo, sensibilidade, mas não o fator decisivo na conquista, pois um dia nada mais de belo existirá quando a tatuagem de golfinho parecer nadar entre as rugas e a canela parecer mais a trave do que a força do chute.

Então, você pode me perguntar, afinal, quem ela gostaria de ter ao lado dela deveria ter? Respondo sem pensar duas vezes: um bom papo. Quero que o meu companheiro tenha a capacidade de manter uma conversa por mais de 30 minutos, mesmo que o assunto seja o sabor do sorvete ou a política cambial. Quero que nosso papo flua e percamos, às vezes, a hora, entre uma opinião e outra, ou um carinho em forma de palavras e outro.

Pense bem, com o passar do tempo a beleza se vai e sobram as rugas, o charme é deixado para trás entre uma toalha molhada e um arroto na mesa, a sensibilidade é questionada com o matar de uma mosca por diversão e o romantismo esquecido com o igual esquecimento da data de aniversário de namoro. Tudo se vai e o que fica é a potencial conversa, prazerosa, mesmo que para alimentar apenas a rotina que tende a se desgastar.

E que melhor arma para vencer uma briga, uma intriga, um mal entendido, pedir desculpas, conceder perdão e fazer as pazes do que batendo um bom e velho – ou novo, ou recém nascido, ou reciclado papo. Afinal, é nele quem se descobre o que o outro é, e o que somos verdadeiramente.

Então, para aqueles que concordam comigo e querem alguém para passar o resto da vida, ou pelo menos muitos momentos prazerosos, ache aquele com quem goste de conversar. Além de poder passar muito bem o tempo, terá a chance de ter uma desculpa por não ter visto aquela vizinha chata e fofoqueira do segundo andar.


Mayara Paz

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