segunda-feira, 21 de junho de 2010
Lágrimas que curam!
Tudo bem que isso parece frase de uma cena de filme romântico, aqueles bem melo-dramáticos. Mas não. Exatamente no seu contexto ela foi dita ao pé de um leito de hospital. Uma história que me rasgou em lágrimas. Uma história que me faz pensar em que tipo de amor cremos.
Quando nos questionamos sobre o amor, fazemos uma alusão a perfeição. Ao dito amor perfeito. Mas somos medíocres em sentimentos. Temos medo de amar. Medo de nos arriscar.
Antigamente, os casais se conheciam e com um sentimento de conquista apenas se jogavam nos braços do amor. Muitos casamentos sem experimentar o beijo do outro. E hoje não podemos nos imaginar como podemos gostar de alguém se não gostamos do beijo. Temos necessidades carnais, não exatamente de amor. Por isso a paixão nunca esteve tanto em alta.
E cobramos demasiadamente de uma paixão. Por isso as seqüelas. Paixão não é para a vida toda. Paixão tem inicio, meio e fim. E porque teimamos em esperar que ela mude nossa vida?
Mas informo. O amor perfeito e verdadeiro existe. Não sei se está disponível para todos nós, pois pude presenciar a explosão deste amor na tarde de ontem.
Uma senhora com muitas rugas, um cabelo cor de neve com um coque. Nos seus 87 anos de idade, me mostrou ser forte, lúcida. Contou-me que era acostumada a limpar sua casa, cozinhar, cuidas das suas coisas. E ali, frágil numa cama, que ela me dizia questão de falar que nunca tinha ficado doente, nunca precisara ficar em hospital.
No meio da conversa, despejou-me algo maravilhoso. “Amanhã completo 68 anos de casada”, dizia-me sorridente. Neste momento eu parei. 68 anos de casamento. O que seria isso? Quantos momentos. Já não eram mais marido e mulher. Eram literalmente Um só corpo, Almas gêmeas. Imaginemos quantas conversas, lutas, risos, sofrimentos, noites em que dormiam de costas um para o outro, dias em que não se falavam porque eram birrentos. Dias em que ela se produzia toda para ele. Dias em que ela não dava a mínima para ela porque o filho mais velho estava com febre, e ela como uma leoa, abraçava o filho o protegendo.
Dias em que ele era o mais carinhoso dos homens, dias em que ele esquecerá a data do primeiro olhar trocado pelos dois e ela ficava furiosa.
E no leito de hospital, uma história linda como essa surgiu. No exato momento em que a filha dela disse que tinha uma visita para ela, e saindo, em seguida voltou com um homem em prantos. Era ele. O seu amor. Ela não se conteve e expressou “meu amor veio me visitar”. Deram um longo abraço. Um abraço de amor. E aquele homem, de 90 anos de idade, com feridas provocadas pelo tempo no rosto, mas muito bem arrumado. Com um terno marrom combinando com a sandália e suas meias, um lenço para enxugar as lágrimas.
Pausadamente ele passou a mão no rosto enrugado da sua amada, e parecendo sentir as dores dela, a angustia em estar ali, como se um feitiço os fizessem voltar para quando se apaixonaram há 68 anos atrás, com as lágrimas de todos os presentes no quarto e os suspiros teimosos, ouvi a declaração mais linda de amor de toda a minha vida...
”Minha veia, se lágrimas curassem, você estaria salva meu amor”...
Isso é amor meu caro, o resto...Apenas vontade de podermos ter a graça de um dia vivermos algo semelhante.
Wellington Caposi
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