segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Mulheres Apaixonadas
O que as pessoas são capazes de fazer por uma paixão?
Tudo? Bem, praticamente tudo.
Os apaixonados vivem em outra dimensão, e só se entendem com pessoas também apaixonadas.
Alguém, em seu estado normal, pode entender que no tempo em que ainda não havia telefone celular - outro dia, aliás -, havia quem passasse o dia inteiro em casa, porque ele podia telefonar? E pior: sem poder falar no telefone, para não ocupar a linha? Pois fale com qualquer mulher da época pré-celular, e ela terá muitas histórias para contar sobre - todas ab-so-lu-ta-men-te iguais.
Porque as mulheres, quando se apaixonam, são todas iguais; se você der corda, são capazes de passar horas contando como ele é, o que falou, em que tom, como era o olhar, e perguntando o que você acha. Experimente perguntar à sua amiga como foi que eles se conheceram, como tudo começou. E pode pegar um livro, disfarçadamente, pois ela vai falar durante horas, sem que você precise dizer uma só palavra.
Elas pegam um avião - sem nenhuma condição financeira -, para encontrar o amado em outro continente e passar uma noite, só uma, com ele. É capaz também de pegar um avião para uma cidade distante só para telefonar de lá, fazendo todos os charmes. Ela mente para o chefe com a cara mais inocente, e adoece a tia ou a mãe sem nenhum escrúpulo, arriscando a reputação e talvez o futuro, para ficar com ele mais algumas horas na manhã de segunda-feira.
A esperteza de uma mulher apaixonada não tem limites; se ele não é totalmente livre, digamos assim, ela é capaz de descobrir o nome da mulher, a profissão, o número do telefone do trabalho, os nomes e as idades dos filhos em mi-nu-tos. Se não têm dinheiro para fazer um lindo jantarzinho, elas se viram: são capazes de trocar um anel de ouro por uma garrafa de uísque, uma bolsa por um buquê de flores, para criar um clima mais romântico, e o melhor: tudo dá sempre certo.
Para uma mulher apaixonada é fundamental ter uma amiga com poucos escrúpulos, muito tempo vago, hábil e capaz de fazer to-dos os papéis, se for preciso - e sempre é. É ela quem vai ligar à noite, disfarçando a voz e dizendo que é engano, para saber se ele está em casa ou não, é ela também que vai descolar quatro ingressos para ver a peça que sabe (conseguiu saber) que ele está louco para ver. Essa amiga é quem vai dizer, distraidamente, que há um homem louco por você, que manda flores todos os dias e quer levá-la para Nova Iorque, Paris, para a lua - e é riquíssimo, claro - e para fazer seu cartaz. Essa amiga é capaz de inventar qual-quer pretexto para dar uma festa, só para você poder usar seu vestido mais sexy - e poder convidá-lo, claro. Quem tem uma amiga assim tem tudo na vida, e se tiver um amigo - pois às vezes é preciso uma voz de homem -, aí é o paraíso. São raros esses amigos tão preciosos, mas que eles existem, existem.
Uma mulher apaixonada é capaz dos maiores desvarios; se o telefone dele estiver ocupado durante muito tempo ela começa a desconfiar, e é capaz de telefonar para aquela mulher de quem desconfia - e sabe o telefone de cor, claro; se o dela também estiver ocupado, é elementar: eles estão falando entre si, claro.
Ah, uma mulher apaixonada: por mais séria que seja, por mais responsável diante do mundo, vira uma doidivanas quando um homem consegue atingir seu coração.
Exemplo: se tem uma atuação na televisão consegue sempre encaixar uma palavra, nem que seja uma só, para que ele saiba que está pensando nele naquele momento - e isso é o mínimo do que é capaz.
Elas são maravilhosas, tão diferentes todas e tão iguais; e não existe nada melhor do que ver duas apaixonadas falando de seus amores. Aos 20, 30, 40, 50 ou 60, o papo entre duas adolescentes ou de duas mulheres várias vezes casadas e com vários filhos de vários maridos, não há uma só diferença.
E viva elas; afinal, não há maior estado de graça do que uma mulher profunda (ou mesmo superficialmente) apaixonada.
Se você tem uma ou duas amigas assim, aproveite para ficar bem perto e sentir o verdadeiro sentido da vida.
Aproveite mesmo, antes que passe a ambulância do manicômio e o enfermeiro, ouvindo aqueles desvarios, leve as duas e mande botar em camisa de força.
A única chance que elas têm de escapar é se o psiquiatra também estiver apaixonado; nesse caso, o papo vai se estender até o dia clarear.
A três, é claro.
P.S. O que seria do mundo sem as mulheres?
(Danuza Leão)
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