Roberto Carlos e Ivete Sangalo

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Whitney Houston - I Will Always Love You

Endless love - Diana Ross e Lionel Richie

My heart will go on - Celine Dion

How can i go on - Freddie Mercury & Montserrat Caballé

Recomeçar




Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

Despedida


Despedida sem abraço
É como taça sem vinho,
Melodia sem compasso,
Uma vivenda sem ninho.


Despedida sem abraço
É como um jardim sem flor,
É abrigo sem regaço,
É arco - íris sem cor.


Despedida sem abraço
É como um céu sem luar,
É oceano sem brisa,
É a praia sem o mar.


Despedida sem abraço
É como afago sem beijo,
É a fita sem o laço,
É goiabada sem queijo.


Despedida sem abraço
É apenas despedida...
Marcando o fim da chegada
No momento da partida.

Antonio Manoel Abreu Sardenberg

Adeus


Não penso no adeus de forma normal.
Penso no adeus de forma cotidiana e depressiva.
Penso no adeus momentâneo,
O adeus que não deu tempo.
Penso no adeus de muitos
E no adeus contido que não se pôde dar.
Penso no adeus exaustivo,
No adeus cansativo,
No adeus encharcado de lágrimas.
Penso no adeus chocado,
No adeus calado,
No adeus molhado de quem esperava retornar.
Penso no adeus que não se foi,
No adeus que não volta,
No instante do adeus.
Penso naquele adeus semicerrado,
Abusado, despreparado para se dar.
Penso no adeus a todo custo,
No adeus de todo mundo,
No adeus que parte mudo.
No adeus que acaba tudo.

Germana Facundo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Loucos e Santos




Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.

Charles Chaplin

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O perdão


Em alguns momentos as coisas não saem como imaginamos, por isso muitas vezes ficamos chateados, aborrecidos, etc. Tiramos conclusões precipitadas e com isso podemos perder várias oportunidades na vida.


Confira, abaixo, um texto que fará você pensar bastante na força do tempo e do perdão:


O Perdão


Um rapaz ia muito mal na escola. Suas notas e o comportamento eram uma decepção para seus pais que sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido.

Um belo dia, o bom pai lhe propôs um acordo:

- Se você, meu filho, mudar o comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir ser aprovado no vestibular de Medicina, lhe darei um carro de presente.

Por causa do carro, o rapaz mudou da água para o vinho. Passou a estudar como nunca e ter um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação. Sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversa sincera, mas apenas do interesse de obter um automóvel.


Isso era ruim. O rapaz seguia seus estudos e aguardava o resultado dos seus esforços. Assim, o grande dia chegou. Fora aprovado no vestibular. Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz abriu emocionado o pacote. Para sua surpresa, o presente era uma Bíblia. O rapaz ficou visivelmente decepcionado e nada disse.

A partir daquele dia, a distância e o silêncio separaram pai e filho. O jovem sentia-se traído e agora lutava por sua independência.

Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus Universitário. Raramente mandava notícias à família. O tempo foi passando e ele se formou, conseguiu um emprego num bom hospital e se esqueceu completamente do pai.

Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão. Até que, num dia o velho, muito triste com a situação, não resistiu. Faleceu. No enterro, a mãe entregou ao filho a Bíblia, que tinha sido o último presente do pai.

De volta à sua casa, o rapaz que nunca perdoara o pai, quando colocou a Bíblia numa estante, notou que havia um envelope dentro dela. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque.

A carta dizia: "Meu filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para você, escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor, a Bíblia sagrada. Nela aprenderás o amor de Deus e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência".


Como é triste a vida dos que não sabem perdoar. Isto leva a erros terríveis e a um fim ainda pior. Antes que seja tarde, perdoe aquele a quem você pensa ter lhe feito mal. Talvez se olhar com cuidado, você irá ver que há também, um "cheque escondido" em todas as adversidades da vida.

Autor desconhecido

Gal Costa - Eu sei que vou te amar

Moacir Franco - Eu nunca mais vou te esquecer

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Segredo da vida de um casal




Receita do amor que dura: amar o outro não apesar de sua diferença, mas por ele ser diferente.

Em geral , na literatura, no cinema e nas nossa fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta). No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um “viveram felizes para sempre”, que seria a “óbvia” conseqüência da paixão. No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível. O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitar-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família?


Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal. O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville -às vezes, para conto de terror, à la “Dormindo com o Inimigo”.

Durante décadas, Calvin Trillin escreveu uma narrativa de sua vida de casal, na revista “New Yorker” e em alguns livros (por exemplo, “Travels with Alice”, viajando com Alice, de 1989, e “Alice, Let’s Eat”, Alice, vamos para a mesa, de 1978). Nesses escritos, que são só uma parte de sua produção, Trillin compunha com sua mulher, Alice, uma dobradinha humorística, em que Calvin era o avoado, o feio e o desajeitado, e Alice encarnava, ao mesmo tempo, a beleza, a graça e a sabedoria concreta de vida.

À primeira vista, isso confirma a regra: a vida de casal é um tema cômico. Mas as crônicas de Trillin eram delicadas e tocantes: engraçadas, mas nunca grotescas. Trillin não zombava da dificuldade da vida de casal: ele nos divertia celebrando a alegria do casamento. Qual era seu segredo? Pois bem, Alice, com quem Trillin se casou em 1965, morreu em 2001.

Trillin escreveu “Sobre Alice”, que acaba de ser publicado pela Globo. Esse pequeno e tocante texto de despedida desvenda o segredo de um amor e de uma convivência felizes, que duraram 35 anos. O segredo é o seguinte: Calvin e Alice, as personagens das crônicas, não eram artifícios literários, eram os próprios. A oposição entre os dois foi, efetivamente, o jeito especial que eles inventaram para conviver e prolongar o amor na convivência.

Considere esta citação de um texto anterior, que aparece no começo de “Sobre Alice”: “Minha mulher, Alice, tem a estranha propensão de limitar nossa família a três refeições por dia”. A graça está no fato de que a “propensão” de Alice não é extravagante, mas é contemplada por Calvin como se fosse um hábito exótico.

Alice é situada e mantida numa alteridade rigorosa, em que é impossível distinguir qualidades e defeitos: Calvin a ama e admira como a gente contempla, fascinado, uma espécie desconhecida num documentário do Discovery Channel. Se amo e admiro o outro por ele ser diferente de mim (e não apesar de ele ser diferente de mim), não posso considerar que minha maneira de ser seja a única certa. Se Calvin acha extraordinário que Alice acredite na virtude de três refeições diárias, ele pode continuar petiscando o dia todo, mas seu hábito lhe parecerá, no fundo, tão estranho quanto o de Alice.

Com isso, Calvin e Alice transformaram sua vida de casal numa aventura fascinante: a aventura de sempre descobrir o outro, cuja diferença inesperada nos dá, de brinde, a certeza de que nossa obstinada maneira de ser, nossos jeitos e nossa neurose não precisam ser uma norma universal, nem mesmo a norma do casal. Há quem diga que o parceiro ideal é aquele que nos faz rir. Trillin completou a fórmula: Alice era quem conseguia fazê-lo rir dele mesmo. Com isso, ele descobriu a receita do amor que dura.

Contardo Calligaris

Mulheres Apaixonadas


O que as pessoas são capazes de fazer por uma paixão?
Tudo? Bem, praticamente tudo.

Os apaixonados vivem em outra dimensão, e só se entendem com pessoas também apaixonadas.

Alguém, em seu estado normal, pode entender que no tempo em que ainda não havia telefone celular - outro dia, aliás -, havia quem passasse o dia inteiro em casa, porque ele podia telefonar? E pior: sem poder falar no telefone, para não ocupar a linha? Pois fale com qualquer mulher da época pré-celular, e ela terá muitas histórias para contar sobre - todas ab-so-lu-ta-men-te iguais.

Porque as mulheres, quando se apaixonam, são todas iguais; se você der corda, são capazes de passar horas contando como ele é, o que falou, em que tom, como era o olhar, e perguntando o que você acha. Experimente perguntar à sua amiga como foi que eles se conheceram, como tudo começou. E pode pegar um livro, disfarçadamente, pois ela vai falar durante horas, sem que você precise dizer uma só palavra.

Elas pegam um avião - sem nenhuma condição financeira -, para encontrar o amado em outro continente e passar uma noite, só uma, com ele. É capaz também de pegar um avião para uma cidade distante só para telefonar de lá, fazendo todos os charmes. Ela mente para o chefe com a cara mais inocente, e adoece a tia ou a mãe sem nenhum escrúpulo, arriscando a reputação e talvez o futuro, para ficar com ele mais algumas horas na manhã de segunda-feira.

A esperteza de uma mulher apaixonada não tem limites; se ele não é totalmente livre, digamos assim, ela é capaz de descobrir o nome da mulher, a profissão, o número do telefone do trabalho, os nomes e as idades dos filhos em mi-nu-tos. Se não têm dinheiro para fazer um lindo jantarzinho, elas se viram: são capazes de trocar um anel de ouro por uma garrafa de uísque, uma bolsa por um buquê de flores, para criar um clima mais romântico, e o melhor: tudo dá sempre certo.

Para uma mulher apaixonada é fundamental ter uma amiga com poucos escrúpulos, muito tempo vago, hábil e capaz de fazer to-dos os papéis, se for preciso - e sempre é. É ela quem vai ligar à noite, disfarçando a voz e dizendo que é engano, para saber se ele está em casa ou não, é ela também que vai descolar quatro ingressos para ver a peça que sabe (conseguiu saber) que ele está louco para ver. Essa amiga é quem vai dizer, distraidamente, que há um homem louco por você, que manda flores todos os dias e quer levá-la para Nova Iorque, Paris, para a lua - e é riquíssimo, claro - e para fazer seu cartaz. Essa amiga é capaz de inventar qual-quer pretexto para dar uma festa, só para você poder usar seu vestido mais sexy - e poder convidá-lo, claro. Quem tem uma amiga assim tem tudo na vida, e se tiver um amigo - pois às vezes é preciso uma voz de homem -, aí é o paraíso. São raros esses amigos tão preciosos, mas que eles existem, existem.

Uma mulher apaixonada é capaz dos maiores desvarios; se o telefone dele estiver ocupado durante muito tempo ela começa a desconfiar, e é capaz de telefonar para aquela mulher de quem desconfia - e sabe o telefone de cor, claro; se o dela também estiver ocupado, é elementar: eles estão falando entre si, claro.

Ah, uma mulher apaixonada: por mais séria que seja, por mais responsável diante do mundo, vira uma doidivanas quando um homem consegue atingir seu coração.
Exemplo: se tem uma atuação na televisão consegue sempre encaixar uma palavra, nem que seja uma só, para que ele saiba que está pensando nele naquele momento - e isso é o mínimo do que é capaz.

Elas são maravilhosas, tão diferentes todas e tão iguais; e não existe nada melhor do que ver duas apaixonadas falando de seus amores. Aos 20, 30, 40, 50 ou 60, o papo entre duas adolescentes ou de duas mulheres várias vezes casadas e com vários filhos de vários maridos, não há uma só diferença.

E viva elas; afinal, não há maior estado de graça do que uma mulher profunda (ou mesmo superficialmente) apaixonada.

Se você tem uma ou duas amigas assim, aproveite para ficar bem perto e sentir o verdadeiro sentido da vida.

Aproveite mesmo, antes que passe a ambulância do manicômio e o enfermeiro, ouvindo aqueles desvarios, leve as duas e mande botar em camisa de força.

A única chance que elas têm de escapar é se o psiquiatra também estiver apaixonado; nesse caso, o papo vai se estender até o dia clarear.

A três, é claro.

P.S. O que seria do mundo sem as mulheres?

(Danuza Leão)

Mulher apaixonada





Uma mulher apaixonada não tem cérebro, tem coração; ela não pensa, ama; não respira, ama. Se ela não encontra oportunidades para mostrar o seu amor, fabrica.


Uma mulher apaixonada é um ser excepcional, porque ela se esquece e se perde em si mesma para se encontrar no ser amado. Ela é capaz de tudo por ele; rouba madrugadas e se faz prisioneira de seus próprios sentimentos. Voluntária, doendo e feliz.


Louca e santa, menina e mulher, escrava e senhora, ela não vê defeitos e perdoa com a maior facilidade. Se entrega totalmente. Ela se encanta e chora. Tem sempre o coração que bate depressa. Não dorme, sonha; não se alimenta, vive de fantasia. Quebra distâncias, barreiras e tabus; é capaz de lutar como uma guerreira para obter o seu amor; nunca desiste.

Ela não gosta de ouvir conselhos, não dá a mínima para o que os outros pensam; ela só conhece uma razão: o homem amado! Ela tem olhos que brilham e quase sempre um ar de riso no rosto. É um ser irracional e belo.
Uma mulher apaixonada é sempre uma mulher bonita!


Letícia Thompson

Voce é Especial



“Os amores da vida são fundados num quiproquó tanto quanto os amores terapêuticos. Quando nos apaixonamos por alguém, a coisa funciona assim: nós lhe atribuímos qualidades, dons e aptidões que ele ou ela, eventualmente, não têm; em suma, idealizamos nosso objeto de amor. E não é por generosidade; é porque queremos e esperamos ser amados por alguém cujo amor por nós valeria como lisonja. Ou seja, idealizamos nosso objeto de amor para verificar que somos amáveis aos olhos de nossos próprios ideais.”
–Contardo Calligaris, em Cartas a um Jovem Terapeuta

Depois dessa citação do Calligaris, você já pode brincar com sua namorada quando ela soltar elogios:

“Você só me acha esperto, gostoso e charmoso porque quer ser amada e desejada por um cara esperto, gostoso e charmoso.”

Não só ela. Todos nós, homens e mulheres, somos mendigos absurdamente carentes de olhares. Queremos nos sentir vivos – e nada melhor para isso do que uma pessoa com olhos brilhantes ao nosso lado. Queremos ter uma existência com sentido, ser alguém especial. Um parceiro que acredite em vidas passadas, almas gêmeas e amor eterno, piscando em nossa direção, talvez dê conta do recado.

Já que nossos pais não são imortais para sustentar pra sempre nossa identidade de filho, empresas e projetos oscilam demais para manter nossas identidades profissionais, amizades se alternam, cidades se movem, os times caem para a segunda divisão, sobram duas opções pra quem está tentando ser alguém: casar e ter filhos. Marido e esposa, pai e mãe. Eis talvez as únicas identidades que podemos (com sorte) sustentar até a morte.

Está explicado porque o casamento é a nossa maior esperança de felicidade. Jogamos nosso ar dentro dos pulmões do outro (no começo, ele a deixa “sem ar”) e depois torcemos para que ninguém vá embora (no fim, ele não consegue mais respirar).

Mas não vamos deixar nossa vida na mão de qualquer um. De que vale um elogio “Você é um gênio!” vindo de alguém com baixo QI? Pode admitir: é muito mais gostoso ouvir “Você é um gato” de uma mulher estonteante do que de uma feiosa.

Para que a gente se sinta especial, é preciso antes que nosso parceiro seja especial! Caso contrário, a gente não acredita, o encanto não pega, a mágica não funciona.

“Ela é especial” é uma das primeiras frases na fala de um homem apaixonado. O que ele esquece de dizer é o seguinte: “Preciso encontrar razões para que ela seja especial, caso contrário eu não acreditarei quando ouvir dela que sou especial”. E então ele diz que ela também adora AC/DC, se ela for um pouco gorda. Ressalta que ela faz tudo na cama, se não for tão esperta…

Mas nenhum desses elogios se compara ao grande “Você é especial”. Inteligentes muitos são, bonitos, ricos, gostosos também. Agora, o que mais desejamos é ser únicos, singulares, ímpares, fodões, insubstituíveis. Ou melhor, sem plural: premium, VIP, edição limitada, one of a kind.

Mais do que elogiados, queremos ser escolhidos. Não entre dois, três ou dez. Mas entre todos, de todo o o Brasil, de todos os países, continentes – planetas, se possível. Se encontro alguém que poderia conquistar 4% das pessoas e ouço um “Você é especial, você é tudo pra mim, case-se comigo”, bem, sou 4% especial, ou melhor, especial num universo muito pequeno. Eu poderia confessar a um amigo: “Eu não gosto tanto dela!”. A verdade? “Ela não é especial o suficiente para me fazer acreditar que sou especial”.

O verdadeiro tesão em comer uma mulher perfeita não está na perfeição do corpo (afinal esses detalhes não fazem muita diferença no prazer sexual), mas na sensação narcísica de ser escolhido por uma mulher que poderia escolher qualquer outro homem.

É isso que Calligaris quer dizer com “aos olhos de nossos próprios ideais”: não basta que o outro me admire; eu preciso ser admirado por aquilo que eu mais considero digno de admiração e, mais ainda, por alguém que admiro. Como não consigo fazer tudo isso sozinho, chamo mais um par de olhos.

Por Gustavo Gitti

Mulheres



"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.

Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?

E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?

E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?

E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...

O sexto-sentido não faz sentido!

É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!

E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?

E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...

Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).

As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?

Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...

É choro feminino. É choro de mulher...

Já viram como as mulheres conversam com os olhos?

Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?

Elas conhecem todos...

Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.

EN-FEI-TI-ÇAM !

E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...

Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.

O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento
que os faz dormir nessa hora."

Luís Fernando Veríssimo

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Para Viver um Grande Amor




É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada."

Carlos Drummond de Andrade

Para viver um grande amor



Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Vinícius de Moraes

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Diário de uma motorista



5 de Janeiro ...
Passei no exame de direção!
Posso agora dirigir o meu próprio carro, sem ter que ouvir as recomendações dos instrutores, sempre dizendo :
"Nao!!!!!!!por aí é sentido proibido!", "Vamos sair da contra-mão!", "Olha a velhinha!", "Freia! Freia!", e outras coisas do gênero.
Nem sei como agüentei estes últimos dois anos e meio...
8 de Janeiro ...
A Auto-Escola fez uma festa de despedida para mim!
Fiquei muito emocionada! Os instrutores nem sequer deram aulas!
Um deles disse que ia à missa... Juro que vi outro com lágrimas nos olhos e todos disseram que iam embebedar-se, para comemorar. Achei simpática a despedida, mas penso que a minha carteira não merecia tal exagero. Eles foram muito generosos!
Umas gracinhas mesmo!
12 de Janeiro ...
Comprei meu carro e, infelizmente, tive que deixá-lo na concessionária para substituir o pára-choque traseiro pois, quando tentei sair, engatei marcha ré ao invés da primeira. Deve ser falta de prática! Também...há uma semana que não dirijo..
.
14 Janeiro ...
Já tenho o carro. Fiquei tão feliz ao sair da concessionária, que resolvi dar um passeio. Parece que muitos outros tiveram a mesma idéia, pois fui seguida por inúmeros automóveis, todos buzinando como num casamento. Para não parecer antipática, entrei na brincadeira e reduzi a velocidade de 10 para 5 km por hora. Os outros gostaram e buzinaram ainda mais. Foi muito legal...
22 Janeiro ...
Os meus vizinhos são impecáveis. Colocaram posters avisando em grandes letras "ATENÇÃO ÀS MANOBRAS" e marcaram, com tinta branca fluorescente, um lugar bem espaçoso para eu estacionar e, para minha segurança e conforto, proibiram os filhos de saírem à rua enquanto durassem as manobras. Penso que é tudo para não me perturbarem. Ainda há gente boa neste mundo.. .
10 de Fevereiro ...
Os outros motoristas tem hábitos estranhos. Além de acenarem muito, estão sempre gritando. Não escuto nada, por estar com os vidros fechados, mas parece que querem dar informações. Digo isto porque julgo ter percebido, através de leitura labial, um deles dizendo: "Vai para casa ". Não sei como ele adivinhou para onde eu ia! Acho isso espantoso. De qualquer modo, quando eu descobrir onde fica o botão que desce os vidros, vou tirar muitas dúvidas.
19 de Fevereiro ...
A Cidade é muito mal iluminada. Fiz hoje meu primeiro passeio noturno e tive de andar sempre com o farol alto aceso, para ver direito. Todos os motoristas com quem cruzei pareciam concordar comigo, pois também ligaram o farol alto e alguns chegaram mesmo a acender outros faróis que tinham. Só não entendi a razão das buzinadas. Talvez para espantar algum bicho. Sei lá.
26 de Fevereiro...
Hoje me envolveram num acidente. Entrei numa rotatória e como tinha muito carro (não quero exagerar mas deviam ser, no mínimo, uns quatro !), não consegui sair. Fui dando voltas bem juntinho ao centro, à espera de uma oportunidade, de tal forma que acabei por ficar tonta e bati no monumento no centro da rotatória. Acho que deviam limitar a circulação nas rotatórias a um carro de cada vez.
3 de Março ...
Estou em maré de azar. Fui buscar o carro na oficina e, logo na saída, troquei os pés, acelerando fundo em vez de frear. Bati num carro que ia passando, amassando todo o lado direito. O motorista, por coincidência, era o inspetor que me aprovou no exame de direção. Um bom homem, sem dúvida.Insisti em dizer que a culpa era minha, mas ele educadamente, não parava de repetir para si mesmo: "É tudo minha culpa! É tudo minha culpa! Que Deus me perdoe!"

Sexo, cabeça e coração


E quando o amor parece que acabou? Não o dele, mas o seu? Bem, primeiro é preciso ter certeza, o que nessas coisas de amor é bem difícil. Quantas vezes você, mesmo amando apaixonadamente um homem, não acha ele chato e torce para que surja uma viagem de trabalho bem longa para se livrar dele pelo menos por uns tempos? E quantas vezes ele chega perto de você na cama, cheio de amor para dar, e você não quer; por nada, mas não quer? Isso é o fim do amor? Não, claro que não.

A culpa pode ser mesmo dele, que está, de vez em quando, particularmente desinteressante (tanto como nós, de vez em quando), querendo você exatamente na hora em que você quer tudo, menos ele. E a culpa pode também ser sua, que passou a tarde vendo CASABLANCA, se apaixonou pela história de amor e sobretudo pelo galã do fi lme. Quem não queria ser Ingrid Bergman e viver aquele romance com Humphrey Bogart? Só que você não é ela e seu par não é ele, e esses rompantes românticos acontecem, sobretudo num coração mais imaturo, mas é preciso – e não é fácil – separá-los da realidade. A realidade é a única coisa que realmente existe.

Pense; lembre do tempo em que esperar que ele chegasse quase doía, de angústia e medo. E se ele não chegasse? Se nunca mais aparecesse? Se tivesse sido atropelado, perdesse a memória e se esquecesse de que você existia? Esse tempo era bom, não era? E você acha que um amor tão grande acaba assim só porque você leu um livro ou viu um filme de amor?

Algumas mulheres, as mais sábias, sabem que esses momentos fazem parte da vida. Outras, ao primeiro sinal de monotonia, mesmo que nada tenha acontecido, pensam em jogar tudo para o alto e sair à procura da grande aventura sem imaginar que as grandes aventuras costumam durar pouco e geralmente terminam com um final infeliz. Geralmente para nós, mulheres.


Longe de mim querer dar conselhos caretas, mas nessas horas é preciso um pouco de calma. Quem sabe passar uns dias na casa de praia de uma amiga e sentir como seria a vida sem ele? Pode ser que depois dos primeiros (e maravilhosos) dias de liberdade total você chegue à conclusão de que é isso mesmo que quer e resolva ser uma mulher independente, podendo fazer o que quiser da vida, sem um homem que chega todos os dias em casa à mesma hora. Mas pode ser também que valorize o que tem, pense nas coisas boas de sua vida – alguma coisa de bom ela deve ter – e sinta falta daquele homem que te ama e que às vezes não é o galã que você queria, até porque ninguém é galã 24 horas por dia. Ser casada com George Clooney também deve ter seus momentos de monotonia.

Faça também um bom exame de consciência e veja se você está com essa bola toda. Se os homens vão se atirar a seus pés, tal a sua beleza, charme e inteligência… Talvez eles até se atirem, mas por quanto tempo? Uma semana, três dias, uma noite?

E seja qual for a sua decisão, não se esqueça do famoso alerta: o corpo humano tem o sexo; acima do sexo, o coração; e acima do coração, a cabeça. Raramente a gente pode satisfazer os três, às vezes precisa escolher, e essa escolha é mesmo muito difícil.

Mas por tudo que já vi e vivi, o sexo – se for só ele – nunca é a melhor escolha.

Danuza Leão

Frases que nenhuma mulher gosta de ouvir


Frases que nenhuma mulher gosta de ouvir

Não importa se foram ditas por amigos, parentes, colegas de trabalho, conhecidos ou pelo paquera da hora: certas frases são sempre indigestas. O importante é respirar fundo e sair de cena com aquele ar de quem não se deixa abalar por uma bobagem qualquer.

Às vezes elas são até bem-intencionadas, ditas sem o menor intuito de desagradar ou ofender. Às vezes. Outras vezes, vêm carregadas de segundas e terceiras intenções. O fato é que certas frases nos tiram do sério. Ficamos sem saber como reagir. Dar uma resposta atravessada? E se não houve ali nenhuma má intenção? Não reagir? Fazer cara de paisagem (ou de lâmpada, como diz uma amiga minha) e ir embora engasgada, imaginando dez respostas que deveria ter dado, mas que só vieram à mente cinco minutos depois?

Algumas são ditas por nossas amigas -com ou sem aspas. Outras, por colegas de trabalho, parentes, aquela conhecida que você encontra uma vez por ano. Ou então por ‘eles’. E, onde se lê ‘eles’, leia-se: o namorado, o marido, o paquera da hora, o homem da vez que está a segundos de deixar de ser o homem da vez -enfim, é uma categoria ampla. Mas não importa a procedência. Venham de quem venham, incomodam profundamente. A lista é gigantesca e cada mulher é capaz de citar seu repertório particular. Mas há frases universalmente indigestas. Vamos a alguns exemplos.

Ditas por elas ou eles
• É impressão minha ou você engordou um pouquinho?
• Por que que você cortou o cabelo? Estava lindo!…
• Você vai com esta roupa?!
• Você deve ter sido linda.
• Quer tentar experimentar um tamanho maior?
• Você já fez plástica?
• Vi seu namorado ontem… (reticências prolongadas)
• Este é seu pai?
• Este é seu filho?
• Vocês ainda estão juntos?
• Você ainda está sozinha?
• Por que vocês se separaram?

• Parecia que vocês se davam tão bem…
• E aí, TIA (com maiúsculas), vai deixar um cafezinho?
• Meu irmão te achou super gente boa.
• Meu amigo te achou superinteligente.
• Você tem um ROSTO (com maiúsculas) lindo.
• Você só precisa perder uns cinco quilos.
• Encontrei seu ex ontem. Ele está ótimo!
• E você? Já está com alguém?

Ditas por eles
• Eu ia te ligar. Acabou a bateria.
• Que pena que você não apareceu antes na minha vida.
• Eu adoro você como amiga.
• Você merece um cara melhor.
• Aconteceu tudo muito rápido entre a gente. Acho melhor dar um tempo.
• O problema não é com você, querida. É comigo.
• Como é mesmo o nome daquela sua amiga?

UMA SUGESTÃO: cada vez que ouvir uma dessas provocações, conte até 150. Depois faça um daqueles exercícios de respiração que aprendeu na aula de yoga. Se der, medite por 30 segundos ali mesmo, na frente do (da) inconveniente. Por fim, saia com aquele ar de quem não se deixa abalar por uma bobagem qualquer. E, se a resposta que o (a) infeliz merecia ficar atravessada na garganta, não se preocupe: tome um espumante bem geladinho que passa. Afinal, a vida é importante demais pra ser levada a sério, já dizia Oscar Wilde. E aquele sabia das coisas. Ah, se sabia…

Por Leila Ferreira

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A festa de Babette


Um dos meus prazeres é passear pela feira. Vou para comprar. Olhos compradores são olhos caçadores: vão em busca de caça, coisas específicas para o almoço e a janta. Procuram. O que deve ser comprado está na listinha. Olhos caçadores não param sobre o que não está escrito nela. Mas não vou só para comprar. Alterno o olhar caçador com o olhar vagabundo. O olhar vagabundo não procura nada. Ele vai passeando sobre as coisas. O olhar vagabundo tem prazer nas coisas que não vão ser compradas e não vão ser comidas. O olhar caçador está a serviço da boca. Olham para a boca comer. Mas o olhar vagabundo, é ele que come. A gente fala: comer com os olhos. é verdade. Os olhos vagabundos são aqueles que comem o que vêem. E sentem prazer. A Adélia diz que Deus a castiga de vez em quando, tirando-lhe a poesia. Ela explica dizendo que fica sem poesia quando seus olhos, olhando para uma pedra, vêem uma pedra. Na feira é possível ir com olhos poéticos e com olhos não poéticos. Os olhos não poéticos vêem as coisas que serão comidas. Olham para as cebolas e pensam em molhos. Os olhos poéticos olham para as cebolas e pensam em outras coisas. Como o caso daquela paciente minha que, numa tarde igual a todas as outras, ao cortar uma cebola viu na cebola cortada coisas que nunca tinha visto. A cebola cortada lhe apareceu, repentinamente, como o vitral redondo de catedral. Pediu o meu auxílio. Pensou que estava ficando louca. Eu a tranqüilizei dizendo que o que ela pensava ser loucura nada mais era que um surto de poesia. Para confirmar o meu diagnóstico lembrei-lhe o poema de Pablo Neruda "A Cebola", em que ele fala dela como "rosa d'água com escamas de cristal". Depois de ler o poema do Neruda uma cebola nunca será a mesma coisa. Ando assim pela feira poetizando, vendo nas coisas que estão expostas nas bancas realidades assombrosas, incompreensíveis, maravilhosas. Pessoas há que, para terem experiências místicas, fazem longas peregrinações para lugares onde, segundo relatos de outros, algum anjo ou ser do outro mundo apareceu. Quando quero ter experiências místicas eu vou à feira. Cebolas, tomates, pimentões, uvas, caquis e bananas me assombram mais que anjos azuis e espíritos luminosos. Entidades encantadas. Seres de um outro mundo. Interrompem a mesmice do meu cotidiano.

Pimentões, brilhantes, lisos, vermelhos, amarelos e verdes. Ainda hei de decorar uma árvore de Natal com pimentões. Nabos brancos, redondos, outros obscenamente compridos. Lembro-me de uma crônica da querida e inspirada Hilda Hilst que escandalizou os delicados: ela ia pela feira poetizando eroticamente sobre nabos e pepinos. Escandalizou porque ela disse o que todo mundo pensa mas não tem coragem de dizer. Roxas berinjelas, cenouras amarelas, tomates redondos e vermelhos, morangas gomosas, salsinhas repicadas a tesourinha, cebolinhas, canudos ocos, bananas compridas e amarelas, caquis redondos e carnudos (sobre eles o Heládio Brito escreveu um poema tão gostoso quanto eles mesmos), mamões, úteros grávidos por dentro, laranjas alaranjadas (um gomo de laranja é um assombro, o suco guardado em milhares de garrafinhas transparentes), cocos duros e sisudos, pêssegos, perfume de jasmim do imperador, cachos de uvas, delicadas obras de arte, morangos vermelhos, frutinhas que se comem à beira do abismo... Minha caminhada me leva dos vegetais às carnes: lingüiças, costelas defumadas, carne de sol, galinhas, codornizes, bacalhau, peixes de todos os tipos, camarões, lagostas. Os vegetarianos estremecem. Compreendo, porque na alma eu também sou vegetariano. Fosse eu rei decretaria que no meu reino nenhum bicho seria morto para nosso prazer gastronômico. Mas rei não sou. Os bichos já foram mortos contra a minha vontade. Nada posso fazer para trazê-los de volta à vida. Assim, dou-lhes minha maior prova de amor: transformo-os em deleite culinário para que continuem a viver no meu corpo. De alguma maneira vivem em mim todas as coisas que comi. Sobre isso sabia muito bem o genial pintor Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), que pintava os rostos das pessoas com os legumes, frutas e animais que se encontram nas bancas da feira. (Dê-se o prazer de ver as telas de Arcimboldo. Nas livrarias, coleção Taschen, mais ou menos quinze reais).

Meus pensamentos começam a teologar. Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão para inventar coisas tão incríveis para se comer. Penso mais: que ele foi gracioso. Deu-nos as coisas incompletas, cruas. Deixou-nos o prazer de inventar a culinária.

Comer é uma felicidade, se se tem fome. Todo mundo sabe disto. Até os ignorantes nenezinhos. Mas poucos são os que se dão conta de que felicidade maior que comer é cozinhar. Faz uns anos comecei a convidar alguns amigos para cozinharmos juntos, uma vez por semana. Eles chegavam lá pelas seis horas (acontecia na casa antiga onde hoje está o restaurante Dali). Cada noite um era o mestre cuca, escolhia o prato e dava as ordens. Os outros obedeciam alegremente. E aí começávamos a fazer as coisas comuns preliminares a cozinhar e comer: lavar, descascar, cortar — enquanto íamos ouvindo música, conversando, rindo, beliscando e bebericando. A comida ficava pronta lá pelas 11 da noite.

Ninguém tinha pressa. Não é por acaso que a palavra comer tenha sentido duplo. O prazer de comer, mesmo, não é muito demorado. Pode até ser muito rápido, como no McDonald's. O que é demorado são os prazeres preliminares, arrastados — quanto mais demora maior é a fome, maior a alegria no gozo final. Bom seria se cozinha e sala de comer fossem integradas — os arquitetos que cuidem disso — para que os que vão comer pudessem participar também dos prazeres do cozinhar. Sábios são os japoneses que descobriram um jeito de pôr a cozinha em cima da mesa onde se come, de modo que cozinhar e comer ficam sendo uma mesma coisa. Pois é precisamente isto que é o sukiyaki, que fica mais gostoso se se usa kimono de samurai.

Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeola, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos maravilhosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso, in vino veritas... Está tudo no filme A Festa de Babette. Terminado o banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças... Perceberam, de repente, que o céu não se encontra depois que se morre. Ele acontece em raros momentos de magia e encantamento, quando a máscara-armadura que cobre o nosso rosto cai e nos tornamos crianças de novo. Bom seria se a magia da Festa de Babette pudesse ser repetida...

Rubem Alves

O texto acima foi publicado no jornal "Correio Popular", Campinas(SP), com o qual o educador e escritor colabora.

A escolha de seu par


"Nos bailes, as mulheres faziam um verdadeiro teste psicológico, físico e social de um futuro marido e obtinham o que poucos testes psicológicos revelam"

Há trinta anos, os adolescentes encontravam o sexo oposto em bailes de salão organizados por clubes, igrejas ou pais responsáveis preocupados com o sucesso reprodutivo de seus rebentos.

Na dança de salão o homem tem uma série de obrigações, como cuidar da mulher, planejar o rumo, variar os passos, segurar com firmeza e orientar delicadamente o corpo de uma mulher. Homens levam três vezes mais tempo para aprender a dançar do que mulheres. Não que eles sejam menos inteligentes, mas porque têm muito mais funções a executar. Essa sobrecarga em cima do homem permite à mulher avaliar rapidamente a inteligência do seu par, a sua capacidade de planejamento, a sua reação em situações de stress. A mulher só precisa acompanhá-lo. Ela pode dedicar seu tempo exclusivamente à tarefa de avaliação do homem.

Uma mulher precisa de muito mais informações do que um homem para se apaixonar, e a dança permitia a ela avaliar o homem na delicadeza do trato, na firmeza da condução, no carinho do toque, no companheirismo e no significado que ele dava ao seu par. Ela podia analisar como o homem lidava com o fracasso, quando inadvertidamente dava uma pisada no seu pé. Podia ver como ele se desculpava, se é que se desculpava, ou se era do tipo que culpava os outros.

Essa convenção social de antigamente permitia ao sexo feminino avaliar numa única noite vinte rapazes entre os 500 presentes num grande baile. As mulheres faziam um verdadeiro teste psicológico, físico e social de um futuro marido e obtinham o que poucos testes psicológicos revelam. Em poucos minutos conseguiam ter uma primeira noção de inteligência, criatividade, coordenação, tato, carinho, cooperação, paciência, perseverança e liderança de um futuro par.

Infelizmente, perdemos esse costume porque se começou a considerar a dança de salão uma submissão da mulher ao poder do homem, porque era o homem quem convidava e conduzia a mulher.

Criaram o disco dancing, em que homem e mulher dançam separados, o homem não mais conduz nem sequer toca no corpo da mulher. O som é tão elevado que nem dá para conversar, os usuais 130 decibéis nem permitem algum tipo de interação entre os sexos.

Por isso, os jovens criaram o costume de "ficar", o que permite a uma garota conhecer, pelo menos, um homem por noite sem compromisso, em vez de conhecer vinte rapazes numa noite, também sem compromissos maiores.

Pior: hoje o primeiro contato de fato de um rapaz com o corpo de uma mulher é no ato sexual, e no início é um desastre. Acabam fazendo sexo mecanicamente em vez de romanticamente como a extensão natural de um tango ou bolero. Grandes dançarinos são grandes amantes, e não é por coincidência que mulheres adoram homens que realmente sabem dançar e se apaixonam facilmente por eles.

Masculinizamos as mulheres no disco dancing em vez de tornar os homens mais sensíveis, carinhosos e preocupados com o trato do corpo da mulher. Não é por acaso que aumentou a violência no mundo, especialmente a violência contra as mulheres. Não é à toa que perdemos o romantismo, o companheirismo e a cooperação entre os sexos.

Hoje, uma garota ou um rapaz tem de escolher o seu par num grupo muito restrito de pretendentes, e com pouca informação de ambas as partes, ao contrário de antigamente.

Eu não acredito que homens virem monstros e mulheres virem megeras depois de casados. As pessoas mudam muito pouco ao longo da vida, na realidade elas continuam a ser o que eram antes de se casar. Você é que não percebeu, ou não soube avaliar, porque perdemos os mecanismos de antigamente de seleção a partir de um grupo enorme de possíveis candidatos.

Fico feliz ao notar a volta da dança de salão, dos cursos de forró, tango e bolero, em que novamente os dois sexos dançam juntos, colados e em harmonia. Entre o olhar interessado e o "ficar" descompromissado, eliminamos infelizmente uma importante etapa social que era dançar, costume de todos os povos desde o início dos tempos.

Se você for mãe de um filho, ajude a reintroduzir a dança de salão nos clubes, nas festas e nas igrejas, para que homens aprendam a lidar com carinho com o corpo de uma mulher.

Se você for mãe de uma filha, devolva a ela a oportunidade que seus pais lhe deram, em vez de deixar sua filha surda, casada com um brutamontes, confuso e insensível idiota.

Stephen Kanitz

Viver um dia por vez...





Na escola da vida, a lição que precisaríamos aprender,
para uso consciente e determinado,
seria conseguirmos viver um dia de cada vez.
Sem atropelos, nem fadigas.
Sem ansiedades, e sem angústias.
Ontem já foi ontem.
Já é passado.
Não tornará mais, nunca mais.
Hoje é hoje, é presente.
É o agora.
É o ludíbrio do instante que passa.
Amanhã é futuro.
Trará consigo seus próprios cuidados e temores.
A cada dia é suficiente seu próprio cuidado.
Viva o seu hoje, hoje.
Viva-o com intensidade.
Mas não queira viver o seu amanhã, hoje, e nem o seu ontem, agora.
Viva um dia de cada vez.
E já é muito, e já é suficiente.
Nossas preocupações neurotizantes com o nosso amanhã

não aumentarão e nem diminuirão o volume e o tamanho dos problemas que nos esperam.
O ontem é experiência, é lição sofrida e aprendida.
É degrau na escada ascendente de nossa experiência pessoal.
É contribuição à nossa maturidade.
Ontem, hoje, e amanhã.
Dias, momentos e tempos bem diferentes, entre si.
E tudo de enorme valia.


(autoria desconhecida

A solidão amiga


A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão… O que mais você deseja é não estar em solidão…

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música… Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa… Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão… A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga… Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia… Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!… Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (…) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (…) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“…Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos… Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília…“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão…

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos… Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

Rubem Alves
(Correio Popular, 30/06/2002)

Para refletir e mudar


Durante um seminário para casais, perguntaram a uma das esposas:

- “Seu marido lhe faz feliz? Ele lhe faz feliz de verdade?”

Neste momento, o marido levantou seu pescoço, demonstrando total
segurança.
Ele sabia que a sua esposa diria que sim, pois ela jamais havia reclamado
de algo durante o casamento. Todavia, sua esposa respondeu a
pergunta com um sonoro “NÃO”, daqueles bem redondos!

- “Não, o meu marido não me faz feliz”! (Neste momento o marido já
procurava a porta de saída mais próxima).

- “Meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz! Eu sou feliz”. E
continuou:

“O fato de eu ser feliz ou não, não depende dele; e sim de mim. Eu sou a
única pessoa da qual depende a minha felicidade. Eu determino ser feliz
em cada situação e em cada momento da minha vida, pois se a minha
felicidade dependesse de alguma pessoa, coisa ou circunstância sobre a
face da Terra, eu estaria com sérios problemas.

Tudo o que existe nesta vida muda constantemente: o ser humano, as
riquezas, o meu corpo, o clima, o meu chefe, os prazeres, os amigos,
minha saúde física e mental. E assim eu poderia citar uma lista
interminável.

Eu decido ser feliz! Se tenho hoje minha casa vazia ou cheia: sou feliz!
Se vou sair acompanhada ou sozinha: sou feliz! Se meu emprego é bem
remunerado ou não: eu sou feliz! Sou casada mas era feliz quando
estava solteira. Eu sou feliz por mim mesma.

As demais coisas, pessoas, momentos ou situações eu chamo de
“experiências que podem ou não me proporcionar momentos de alegria e
tristeza”. Quando alguém que eu amo morre, eu sou uma pessoa feliz num
momento inevitável de tristeza. Aprendo com as experiências passageiras
e vivo as que são eternas como amar, perdoar, ajudar, compreender,
aceitar, consolar.

Há pessoas que dizem: hoje não posso ser feliz porque estou doente,
porque não tenho dinheiro, porque faz muito calor, porque alguém me
insultou, porque alguém deixou de me amar, porque eu não soube me dar
valor, porque meu marido não é como eu esperava, porque meus filhos
não me fazem felizes, porque meus amigos não me fazem felizes, porque
meu emprego é medíocre e por aí vai.

Amo a vida que tenho mas não porque minha vida é mais fácil do que a
dos outros. É porque eu decidi ser feliz como indivíduo e me
responsabilizo por minha felicidade. Quando eu tiro essa obrigação do
meu marido e de qualquer outra pessoa, deixo-os livres do peso de me
carregar nos ombros. A vida de todos fica muito mais leve. E é dessa
forma que consegui um casamento bem sucedido ao longo de tantos
anos.

Nunca deixe nas mãos de ninguém uma responsabilidade tão grande
quanto a de assumir e promover sua felicidade!

SEJA FELIZ, mesmo que faça calor, mesmo que esteja doente, mesmo
que não tenha dinheiro, mesmo que alguém tenha lhe machucado,
mesmo que alguém não lhe ame ou não lhe dê o devido valor.

Peça apenas ao Universo/Deus/Espírito Maior que lhe dê serenidade
para aceitar as coisas que você não pode mudar, coragem para modificar
aquelas que podem ser mudadas e sabedoria para conseguir reconhecer
a diferença que existe entre elas.

NÃO REFLITA, APENAS.
MUDE! E SEJA FELIZ!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As duas pulgas.




*Max Gehringer*

Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas
que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. O que lembra a história
de duas pulgas.
Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:

- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí
nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero.
É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.

Elas então contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de
reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:

- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do
cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele.
Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.

Elas então contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu... A primeira pulga explicou por quê:

- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito
tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito.
Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.

E então um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen.
Resolvido, mas por poucos minutos.... Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era
facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.
Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:

- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?

- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI.
Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.

- E por que é que estão com cara de famintas?

- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar.
E você?

- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:

- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?

- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.

- Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas. quiseram saber as pulgonas...

- Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para
a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução.
E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse:
"Não mude nada. Apenas sente na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança".

MORAL:

Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais eficiente.
Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de reposicionamento.*

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

NEOQEAV


Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "Neoqeav" num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente. Eles se revezavam deixando "Neoqeav" escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.
Eles escreviam "Neoqeav" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho. "Neoqeav" era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.
Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar "Neoqeav" na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites para onde "Neoqeav" pudesse surgir. Pedacinhos de papel com "Neoqeav" rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros.
"Neoqeav" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro. Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.
Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.
Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso.
Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.
Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte. Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama.
A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes.
Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair.
O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa.
Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu. Vovó partiu. "Neoqeav" foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó. Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.
Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser.
Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento.
Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.
Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando: "Mas o que Neoqeav significa?".
Não está?

Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você = "NEOQEAV"

(autor desconhecido)

Declan Galbrith - Tell me way

Paula Fernandes - Fotografia

Cesaria Evora´- Beijo Roubado

Cesaria Evora - Pic Nic da Salamansa

Cesaria Evora - Sodade

O Monge e o Escorpião.



"Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando
passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo
arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do
rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão.
Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e,
devido a dor, o homem deixou-o cair novamente no rio.
Foi então à margem tomou um ramo de árvore,
adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no
rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e
juntou-se aos discípulos na estrada.
Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e
penalizados.
* Mestre deve estar doendo muito! Porque foi salvar
esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um
a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a
mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e
respondeu:
* Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a
minha."


Esta parábola nos faz refletir a forma de melhor
compreender e aceitar as pessoas com quem nos
relacionamos. Não podemos e nem temos o direito de
mudar o outro, mas podemos melhorar nossas próprias
reações e atitudes, sabendo que cada um dá o que tem e
o que pode. Devemos fazer a nossa parte com muito
amor e respeito ao próximo. Cada qual conforme sua NATUREZA.

Autor desconhecido

Receita da D.Cacilda




Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão.

E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.

Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.

Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho..

- Ah, eu adoro essas cortinas...
- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco...
- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa.

E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.

Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem...
Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.

- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os sentimentos.

Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.

Depois me pediu para anotar:
COMO MANTER-SE JOVEM

1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade,o peso e a altura.
Deixe que os médicos se preocupem com isso.

2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos!)

3. Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso.

'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer!

4. Aprecie mais as pequenas coisas. &l t; /p>

5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele ou ela!

6. Quando as lágrimas aparecerem, aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.

7. Rodeie-se das coisas que ama:
Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refúgio.

8. Tome cuid ado com a sua saúde:
Se é boa, mantenha-a.
Se é instável, melhore-a.
Se não consegue melhorá-la , procure ajuda.

9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa

10. Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade..
E, se não mandar isto a pelo menos quatro pessoas - quem é que se importa?
Serão apenas menos quatro pessoas que deixarão de sorrir ao ver uma
mensagem sua.
Mas se puder pelo menos partilhe com alguém!

"De nada vale a pena se não tocarmos o coração das pessoas."< /p>