sábado, 7 de abril de 2012
Sobre casamento.
O escritor brasileiro Rubem Alves escreveu uma crônica muito inteligente, a respeito do tema casamento.
Eis suas palavras:
Depois de muito meditar sobre o assunto, concluí que os casamentos - relacionamentos - são de dois tipos: há os casamentos do tipo "tênis" e há os casamentos do tipo "frescobol".
Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos, e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me:
Para começar, uma afirmação de Nietzsche. Dizia ele:
"Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice"?
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.
Joga-se tênis para fazer o outro errar.
O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua "cortada", palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar.
O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo.
Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.
Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la.
Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado.
Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre.
O que errou pede desculpas, o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...
Em relacionamentos inspirados na ideia do "frescobol", o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.
Bola vai, bola vem - cresce o amor...
Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
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Pensemos nisso. Reflitamos sobre nosso comportamento nos relacionamentos que abraçamos.
Juntos, num mesmo jogo, numa mesma existência.
O bom jogador será sempre aquele que conhece o companheiro e que, acima de tudo, deseja vê-lo feliz.
Para meu filho Lucas
"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".
Sejam felizes meus filhos!
José Saramago
terça-feira, 3 de abril de 2012
Amor impossível.Saiba como libertar-se dessa armadilha.
Com tanta gente circulando por aí, por que algumas pessoas acabam se encantando exatamente por aquelas que não lhes dão o menor sinal de interesse?
A ideia de escrever este artigo veio do fato de que tenho recebido muitos e-mails de pessoas pedindo para ajudá-las a conquistar alguém que não lhes quer bem. Como se existisse uma fórmula mágica ou então...ah! a tão desejada poção do amor.
Como se eu pudesse dizer onde se encontra a flecha encantada do cupido para que assim possam alvejar o ser amado, garantindo o direito de serem amados também.
Subi para o café que fica no topo do prédio onde trabalho, papel e caneta em mãos, pensando:
- O que faz alguém gostar de alguém que não lhe demonstra interesse?
Enquanto olhava a folha em branco, de repente senti algo se aproximar da janela da cafeteria. Era um serzinho com corpo de criança, asas branquinhas e um arco dourado nas mãos. Será possível??? Isso mesmo, era o pequeno cupido em pessoa, Eros, filho de Hermes e Afrodite. Dizem que quem é flechado por ele apaixona-se irremediavelmente. De perto ele é meio cor-de-rosa, sua tez é firme e seu sorriso tão colorido que dá vontade de comer melancia.
Com certeza era ele o responsável por tanta confusão! Bem que tinha cara de criança que gosta de aprontar das suas por aí!
O pequeno cupido sentou-se na beirada da janela, as perninhas roliças balançando, as asas se acomodaram de encontro à parede e ele parecia muito confortável enquanto me observava escrever. E assim, inspirada por esse instigante e inesperado visitante, permiti que as ideias escorressem por meus dedos.
Vou discorrer sobre o assunto a partir de três perguntas, sugiro que você faça essas perguntas a si mesmo!
1) Como anda a sua autoestima?
Ouça: uma pessoa que goste MESMO de si mesma não vai passar tempo demais desperdiçando a sua energia na direção de alguém que não retribui seus sentimentos!
Isso porque quando gostamos “mesmo” da gente acreditamos que muitas pessoas também possam gostar, sendo assim não faz sentido algum ficar insistindo em alguém que não retribua nosso afeto ou que não nos trata da forma como acreditamos merecer ser tratados.
Assim, para que uma pessoa se permita viver um amor impossível, para que se apaixone por alguém que não retribui seus sentimentos, é preciso que esteja com sua autoestima em baixa. Pessoas que se sentem “menos” tenderiam, então, a cair mais facilmente nessa armadilha. Como se não acreditassem merecer amar e ser amados, como se tivessem que receber sempre menos.
Primeiro passo para lidar com um amor impossível:
Aprenda a amar a si mesmo!
Cuide melhor de si próprio, aprenda a perceber-se como alguém único e dotado de valores, como alguém digno e merecedor de um amor correspondido.
Você se encanta por pessoas mesmo antes de conhecê-las em profundidade?
Perceba que quando um relacionamento não pode se concretizar por algum motivo, seja porque a pessoa desejada não retribui ao nosso afeto, seja porque não esteja disponível, a falta dessa pessoa na nossa vida cria um vazio, e esse vazio é como uma tela em branco. Frente a essa tela em branco começamos a criar uma pessoa em nossas mentes, pintando-a como bem queremos ( já que não podemos conviver com ela para descobrir quem de fato é). Assim, passamos a imaginar uma pessoa com todas qualidades pelas quais tanto ansiamos e é claro que inventamos boa parte disso! Quanto mais distante a pessoa está, mais se torna possível inventarmos o que bem quisermos. E logo começamos a imaginar uma pessoa que nada tem a ver com a pessoa real.
- Ah, essa pessoa é maravilhosa, é a mulher (ou o homem) da minha vida... é tudo com que eu sempre sonhei!!!! É generosa, divertida, carinhosa, etc, etc, etc...
Entenda, ISSO É MERA CRIAÇÃO! Você não tem como saber quem é de fato essa pessoa. O que está acontecendo é que você está apaixonado por você mesmo! Por aquilo que está imaginando.
Segundo passo para lidar com um amor impossível:
Seja realista!
Olhe as pessoas buscando a verdade que existe nelas. Pare de atribuir-lhes qualidades que não existem. Pare de negar os defeitos que possuem. Acredite no que a pessoa diz! Se ela lhe diz que não tem a intenção de se relacionar com você, acredite! Não fique achando que ela queria dizer outra coisa qualquer. Pare de criar expectativas irreais, baseadas na sua fantasia.
Lembre-se: quando uma pessoa quer de verdade ficar conosco, ela simplesmente fica.
3) A pessoa por quem você está encantado faz você sentir o mesmo que você sentia na sua infância?
Muitas vezes, quando alguém está sempre gostando de alguém que nunca o amou ou já não lhe ama mais, podemos encontrar as raízes dessa situação lá atrás, na infância.
Os nossos pais são os primeiros modelos de relacionamentos que temos. Através de nossa relação com nossos pais aprendemos muito do que depois vivemos com nossos parceiros afetivos. É comum que uma pessoa que não tenha se sentido amada e valorizada por seu pai ou sua mãe atraia parceiros afetivos que reproduzam esse modelo de relacionamento. Afinal, foi isso o que aprendeu!
Se você vive tendo amores impossíveis, pense um pouco se esse é seu caso. Pense se quando criança você fazia de tudo para conquistar o amor inacessível de um de seus pais, sempre sentindo-se frustrado nessa tentativa, sempre sentindo-se não amado. Se perceber que é seu caso, entenda que você terá que bater um bom papo com sua criança interna, dizer a ela que, embora não tenha se sentido correspondida em seu amor pelos pais, merece e pode ser correspondida no seu amor por um parceiro. A criança precisa se libertar dessa rede invisível que a aprisiona.
Muitas vezes uma psicoterapia é necessária para que se possa cumprir com sucesso essa libertação.
Enquanto isso não for feito, como se fosse uma armadilha, você continuará sentindo-se atraído justamente por quem não corresponde a seus sentimentos, recriando com exatidão aquela situação do passado.
Terceiro passo para lidar com um amor impossível:
Conheça a si mesmo e liberte-se das crenças que foram construídas no seu passado.
Eu já estava quase terminando de escrever este artigo quando o pequeno cupido foi se preparando para partir. Ele não pareceu muito feliz com as coisas que escrevi, talvez tenha achado que se as pessoas se tornarem conscientes os efeitos de suas flechas já não serão tão poderosos.
No entanto, antes que ele tivesse chance de levantar vôo, roubei uma de suas flechas e a anexei a este artigo.
Agora mesmo ela sairá da tela e acertará em cheio seu coração! ZAPT!!!!! (Fique tranquilo! A minha magia não deseja que você se apaixone por nenhuma outra pessoa e sim que se encante total e plenamente por você mesmo).
ZAPT!!!!!
Apaixone-se por si próprio em primeiro lugar!!!
Essa é a chave mais preciosa que posso oferecer a todos os que estão envolvidos em amores impossíveis.
Usem-na!
Por Patricia Gebrim
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